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sábado, 5 de março de 2011

Lendas

O veado de cinco cores
Antigamente, existia um veado que tinha chifres brancos e cinco cores. Ele morava em uma montanha, evitando assim ser visto pelos homens. Certa vez, um homem estava se afogando no rio. Ao ouvir os gritos de socorro, o animal resolveu ajudá-lo. “Obrigado! Como poderei agradecer?”, disse o homem. “Só peço uma coisa: nunca conte a ninguém que vivo nesta montanha”, explicou o animal, dizendo que corria risco de morte devido a beleza de sua pele. O homem concordou e voltou para sua aldeia. Um dia, a rainha sonhou com esse animal, e o rei anunciou que quem descobrisse o cervo receberia um prêmio. O homem que havia sido salvo pelo animal se ofereceu para apanhá-lo, e o rei decidiu ir com ele. Quando chegaram à montanha, sem ter para onde fugir, o veado se aproximou e disse: “Devido a cor do meu pêlo, tinha medo de ser visto pelos homens. Como vossa majestade descobriu meu esconderijo?”. “Foi ele quem me informou”, afirmou o rei, indicando o homem traidor.
“Quando o salvei, você me prometeu que não revelaria onde eu morava. Será que já esqueceu?”, disse o animal, com lágrimas nos olhos. Comovido, o monarca disse: “Esse indivíduo, cego pela cobiça, tentou tirar a vida daquele que lhe salvou”. O homem foi decapitado, e a caça de veados foi proibida no reino. O país prosperou e teve paz por muito tempo.
A tigela de madeira
Uma senhora de idade avançada foi morar com o filho, a nora e a netinha de 4 anos. As mãos da velhinha estavam trémulas, sua visão embaçada e os passos, vacilantes.
A família comia reunida à mesa. Mas as mãos trémulas e a visão falha da avó a atrapalhavam na hora de comer. A soja rolava de sua colher e caía no chão. Quando pegava a tigela, o missoshiru (sopa à base de pasta de soja) era derramado na toalha.
O filho e a nora irritaram-se com a bagunça: - Precisamos tomar uma providência com respeito à mamãe”, disse o filho.
- Já tivemos suficiente sopa derramada, barulho de gente comendo com a boca aberta e comida pelo chão.
Então, eles decidiram colocar uma pequena mesa num cantinho da cozinha.
Ali, a avó comia sozinha, enquanto o resto da família fazia as refeições na sala, com satisfação.
Desde que a velhinha quebrara uma ou duas tigelas de louça, sua comida era servida numa tigela de madeira. Quando a família olhava para a avó sentada ali sozinha, às vezes notava que ela tinha lágrimas nos olhos.
Mesmo assim, as únicas palavras que lhe diziam eram admoestações ásperas quando ela deixava um palito ou comida cair ao chão. A menina de 4 anos assistia a tudo em silêncio.
Uma noite, antes do jantar, a mãe percebeu que a filha pequena estava no chão, manuseando pedaços de madeira. Ela perguntou delicadamente à criança: “O que está fazendo?”
A menina respondeu docemente:
- Oh, estou fazendo uma tigela para você comer, quando eu crescer.
E a garota sorriu e voltou ao trabalho.
Os sete samurais
Era uma vez, no interior do Japão, um grupo de terríveis ladrões que se escondia no topo de uma montanha quase sempre coberta de nuvens, onde soprava um vento forte e as tempestades eram freqüentes. Esses ladrões viviam em uma larga caverna, que era o esconderijo de todos os tesouros que eles roubavam.
O bando atacava as vilas, matava as pessoas e incendiava as casas, depois de tirar tudo o que tivessem de valor. Por onde o grupo passava não restava nada além de mulheres e homens chorando, ruínas fumegantes, miséria e desolação.
O imperador, preocupado, havia enviado seus melhores soldados para atacar a montanha, sem qualquer resultado. O soberano, então, mandou chamar um dos últimos samurais, o velho Raiko, e disse-lhe:
- Raiko, você me serviu por todos esses anos. Eu lhe dou agora um último trabalho: vá até a montanha com um exército e destrua aqueles malditos bandidos!
Mas Raiko suspirou:
- Majestade, se eu fosse jovem de novo eu cumpriria sozinho esta missão. Mas, hoje, sou um velho muito velho, velho demais para fazer esse serviço mesmo com um poderoso exército ao meu lado.
- Então, o que devo fazer? - perguntou o imperador. Devo deixar que os bandidos continuem a saquear nossas terras e a matar nossa gente?
- De jeito nenhum -, exclamou o velho, - eu irei até a montanha com mais seis Samurais iguais a mim.
- Mas, se eles são tão velhos quanto você, como poderão ajudá-lo? - perguntou o imperador.
- Tenha fé em nós -, foi o que disse Raiko.
Alguns dias depois, os sete samurais partiram para a montanha vestidos como humildes peregrinos. Lá do alto, os ladrões viram o grupo, e o chefe deles disse:
- Quem se importa com sete mendigos? Deixem que eles subam até nós.
Os sete samurais disfarçados chegaram ao topo do monte, e Raiko disse:
- Deixem-nos entrar, está frio aqui fora. Sopra um vento forte, e nós somos apenas um bando de velhos -não vamos causar problemas.
O chefe dos ladrões respondeu:
- Venham, velhos, e abriguem-se em um canto.
E assim, os sete samurais entraram no esconderijo dos bandidos, ficando em um canto enquanto os ladrões comiam a comida que haviam roubado de mais uma pobre aldeia. De vez em quando, eles atiravam pedaços de carne e restos para os peregrinos.
Passadas algumas horas, Raiko se levantou e disse:
- O vento parou. Podemos partir agora. Para agradecer por sua hospitalidade, porém, gostaríamos de oferecer a todos vocês esta bebida - é saquê, uma espécie de vinho feito com arroz. Bebam conosco! E assim fizeram, contentes, os bandidos.
Em segundos, não sobrava mais nada da garrafa que Raiko entregou aos ladrões. E, também em segundos, todo o grupo de bandidos estava bem morto, estendido no chão da caverna: o saquê que Raiko lhes havia oferecido tinha sido sabiamente envenenado com um poderosíssimo veneno.
E assim, sete velhos samurais, velhos demais para montar a cavalo ou usar uma espada, puderam servir o seu imperador pela última vez.

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